terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O peso dos tributos

O peso dos tributos




Reclamar da carga tributária não é algo tão novo assim. Exemplo disso é uma história interessante contada na Bíblia. Relata o Livro de Samuel que o rei Salomão, de Israel, filho de Davi, tinha poder sobre todos os reinos, desde o rio Eufrates até a região filisteia e a fronteira do Egito. Enquanto viveu, todos lhe pagaram tributo e obedeceram. Salomão recebia diariamente para o seu gasto treze toneladas e meia de flor de farinha (a mais refinada e branca) e 27 toneladas de farinha comum, dez bois cevados, vinte bois de pasto, cem carneiros, além de veados, gazelas, antílopes e aves de ceva. O rei possuía estábulos para quatro mil cavalos de tração e doze mil cavalos de montaria. O texto nos dá uma ideia do peso que a máquina do Estado representava para o povo. Os tributos, em geral, eram pagos em víveres e se destinavam a sustentar não só a família real e frequentadores da corte, mas também os oficiais, funcionários e o exército. Isso sem falar nas 700 esposas e 300 concubinas do rei. Também não se pode deixar de mencionar que Salomão construiu um templo e um palácio luxuosíssimos.
Com a morte de Salomão, o jovem Roboão, seu filho, foi proclamado rei. O povo, então, vai até ele e diz: “Seu pai nos impôs um fardo pesado. Se você nos aliviar da dura escravidão e do fardo pesado que ele nos impôs, nós serviremos a você”. Roboão pede um tempo para responder e vai consultar os anciãos. Estes o aconselham a atender ao pedido da população. Ele, porém, despreza o conselho e vai trocar ideias com os jovens com os quais havia crescido. Ouviu deles este conselho: “Diga ao povo: meu dedo mínimo é mais grosso do que a cintura de meu pai. Meu pai colocou sobre vocês um fardo pesado, mas eu aumentarei ainda mais esse fardo”. Assim fez Roboão e pagou caro por não ter dado ouvidos aos anciãos. Uma revolta popular acabou dividindo o reino de forma irremediável. Das 12 tribos de Israel, apenas duas ficaram com ele.